quinta-feira, 21 de maio de 2009

Resenha do filme e resenha de: A Hora da Estrela, livro de Clarice lispector.

Resenha do filme e resenha de: A Hora da Estrela, livro de Clarice lispector.

A autora Clarice Lispector é uma intrigante figura que por si mesma é muito misteriosa e talvez por essa razão tenha nos dado este presente de leitura, mas que para entendermos, devemos sair de nós mesmos e buscarmos o outro tentando assim entender a busca de cada um em torno do que é chamado felicidade, ela , a autora que quer até se passar despercebida por nós como a grande autora do romance ou novela como queiram chamar, levando nos a acreditar que quem escreveu tal feito seja mesmo o tal de Rodrigo, figura de um personagem que narra a história escrita por Clarice.
Neste livro encontramos um pouco do exemplo do ato de submissão das mulheres, quando vemos uma Macabéa, sem forças e sem expressão, buscando encontrar a figura de um homem forte, que seria sua salvação.
Clarice Lispector tenta exemplificar o que acontece no nosso meio social, quando ainda hoje mesmo, nordestinos, que são pássaros feridos saem de suas terras de encontro à felicidade em cidades grandes e encontram apenas discriminação e indiferença por puro preconceito e falta de interesse em tentar entender ou compreender o outro, independente de sua classe social e que acontece quase sempre ainda hoje, quando vemos esses seres ignorantes e menos favorecidas à nossa volta.
Colocar exemplos do livro: ....................
A história de Macabéa, é a mesma história que continuamos a ver em nossos dias atuais, nordestinos pobres e ignorantes que migram o tempo todo, tentando buscar alguma novidade boa para acrescentar em seus destinos já um tanto sofridos, mas na verdade, nada acontece, pois quando chegam por aqui, muitas vezes, somos indiferentes e os identificamos como pessoas que pesam com suas presenças e que assim suas situações parecem piorar do que quando aqui entraram.
Essas pessoas buscam amizades, companheirismo e compreensão e o que encontram aqui:
Indiferença, falta de solidariedade, desprezo e até asco, como vimos nos comentários feitos em sala de aula, nós não queremos essas pessoas que passam por nós, como um peso em nossos ombros e se não existissem, talvez fosse até melhor.
Macabéa é um ser quase inútil e que na em nossa cultura, tende a ser quase todos esses nordestinos, que partem para essas cidades metropolitanas em busca de sonhos, mas que não tem nada em si a acrescentar para a poderosa Sociedade.
Assim como nos conta a história, quando observamos o efeito da presença de Macabéa a uma cartomante, em busca de alguma esperança, já que em si mesma, não a encontra, vemos que ela foi a única pessoa a dar créditos à sua pessoa comum e parece trazer mais vida à sua vida tão sofrida e sem sorte.
É quase fatídico, triste e repugnante observarmos que talvez tenhamos um pouco dela em nós mesmos, pois nenhum de nós, desejamos ser uma Macabéa da vida e por isso a repugnamos por completo.
Ela é uma sofredora, pobre coitada, sem opinião, quase apagada e sem objetivos maiores, pois nem ela mesma sabia o que queria, quantos de nós, temos um grande vazio interior e talvez possamos vir a se identificar com essa intrigante figura, que leva-nos a meditar um pouco.
Será que a sociedade, às vezes não nos deixa sentirmos um pouco Macabéa, quando somos excluídos diariamente, diante dessa ou daquela situação e não nos resta alternativa, senão sentirmos um pouco vazios, diante do que desejamos vir a ser, mas que por falta de oportunidade, talvez nunca venhamos realmente encontrar, pois vivemos o lado simples da vida e passamos tantas vezes despercebidos ou ignorados, simplesmente por não termos nada a acrescentar na vida desta ou daquela pessoa.
Mas não podemos ter sonhos adormecidos, como Macabéa, que sonhava ser uma estrela de cinema, mas dizia isso, como uma coisa muito distante de ser alcançada, assim como uma estrela no céu.
Macabéa é um ser ausente de si mesma, sem sal, sem açúcar, uma pessoa que passaria despercebida onde quer que fosse, pois sem dinheiro e
sem nada, o que ela poderia acrescentar em nossas vidas. Ela é o nada do nada e nem o seu próprio namorado Olímpico, o nordestino simplório, que também não tem nada a acrescentar e nem nenhum sortilégio na vida, parece admirá-la.

E então Macabéa, liberta-se de suas algemas de ingenuidade e parece-nos saltitar de alegria ao pressentir que talvez alguma coisa nova possa vir a acontecer em sua vida.
E mais uma vez, vemos que o destino prega-lhe uma grande peça ao iludi-la dessa maneira, e então encontra a morte, mas que parece-lhe suave.
Quem sabe, seja realmente assim, a morte talvez represente para essas pessoas, a melhor solução em suas vidas.
E fica bem claro isso quando comparamos o filme com o livro, vendo as imagens de uma Macabéa, dando saltos de alegria, com o que parece ser a chegada de sua morte, e quem sabe se, só morrendo mesmo é que ela tenha encontrado forças para sonhar com o paraíso.
Por isso, acreditamos que a mensagem do filme e do livro, venha a ser que devemos por necessidade acreditar em nossos sonhos, esperanças e de principalmente buscar a nós mesmos, através do auto conhecimento.
Mas como buscarmos tal conhecimento de nós mesmos sem a presença amiga à nossa frente, sinalizando-nos o caminho a ser percorrido, principalmente se estivermos um tanto perdidos, como Macabéa.
E assim talvez possamos entender o que poderia estar no coração da escritora, quando nos deu este texto, será que ela não estava sinalizando-nos a falta de compreensão e amor a essas Macabéas da vida, uma vez que ela mesma, se sentia perdida, sozinha, e sem perspectivas de vida.
Ando devagar, porque já tive pressa e levo esse ssoriso, porque já chorei de mais...